Segundo filho. E agora?

Dou muitas vezes por mim a observar os meus filhos enquanto brincam.
São brincadeiras de irmãos, brincadeiras de amor, que ora se abraçam como se fossem um só, ora se batem com o primeiro brinquedo que vem à mão.
Enquanto os aprecio vêm-me à cabeça todos os medos e receios que tive quando descobri que vinha lá o segundo filho! O temível segundo filho! Aquele que achava que nunca iria amar com ao primeiro e que era impossível sentir por outro ser humano o que sentia pelo que tinha chegado antes.
O nascimento do segundo filho dissipou por completo os medos logo no primeiro minuto.
Se eu já era uma mãe descontraída com o primeiro, com o segundo passei a sê-lo ainda mais.
Somos muito mais impacientes com o primeiro filho. 
Temos medo de tudo. Se choram vamos a correr. Se gritam não sabemos o que fazer. Se têm cólicas, desesperamos. Se fazem muito cocó é porque alguma coisa não está bem. Se não fazem chichi de hora a hora temos que ligar ao pediatra. Se dormem passamos o tempo a ver se respiram!... 
No segundo filho relevamos mais. Aproveitamos mais. Temos outras preocupações.
Sabemos que a chegada de um irmão abala a confiança de qualquer criança pois julgam que o irmão ou irmã lhes tirará o protagonismo (e não deixam de ter alguma razão...).
Quando o meu filho mais novo nasceu o mais velho tinha 4 anos (quase 5) e foi uma relação muito difícil nas primeiras semanas.
Muitos disparates e chamadas de atenção. Gritava, barafustava, muito mimo, muito colo e tudo o pai. Tudooo o pai! A mãe, (como que estivesse de castigo) não interessava para nada. Olhava-me triste (e aquilo dava-me uma dor imensa), provocava-me de soslaio, não queria saber de mim. Ignorava-me. 
Custou-me muito aqueles dias em que o meu filho (o meu filho querido!), estava em claro sofrimento com o nascimento do irmão. 
O sofrimento dele era o meu, mas o coração de mãe sabia que bastava dar tempo ao tempo e deixar fluir... Deixar fluir para um amor imenso entre os dois!
Quando nasce uma criança nasce uma mãe, um pai, uma família. 
Quando vem o segundo filho, passamos a relevar muito mais, a aproveitar o tempo, a ser mais pacientes, a ter menos medos e a saborear o bebé de uma forma muito mais intensa. Sem pressa que cresça!!

Ao primeiro filho compramos tudo a condizer. 
No caso: a escova de dentes, o copo da escova, a escova do cabelo, o pente...
O segundo filho tem uma a escova de dentes igual à do irmão, mas cor-de-rosa para se diferenciar (e pelo que sei os dentes ainda não lhe caíram por causa disso).

No primeiro filho usamos todos os cremes xpto: creme para o rabo, creme para a cara, creme para o sobrolho, creme para o pé direito, creme para a mão esquerda.
No segundo filho desde que seja creme hidratante e minimamente reconhecido, está óptimo.
O primeiro filho usa fraldas de marca conhecida.
O segundo filho usa fraldas de marca branca (salvo raras excepções em que há promoções) desde os 3 meses.
O primeiro filho é, e será sempre o primeiro.
É com ele que aprendemos a ser Mães e Pais. É com ele que partilhamos os medos, as angústias, as primeiras vezes de tudo.

A chegado do segundo filho é um turbilhão de emoções. 
Se por um lado as mães estão cheias de hormonas e com uma ansiedade terrível de querer estar de igual para os dois, os primeiros filhos criam em nós uma sensação de penitência obrigatória por não estarmos a 100% com eles.
Tudo isto passa. Tudo se releva e o primeiro esquece rápido porque o amor fala mais alto. Porque o amor de irmãos é incondicional. Porque o amor de mãe é único e não se ama mais um filho que o outro.

Todos têm um lugar especial no coração e caberão cá (todos) os filhos que Deus me quiser dar.

Um beijo

M♡


Post adaptado, escrito e partilhado aqui em Maio de 2015 

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